25 de Julho, 2025
5 Leituras para o Educador da Infância
Por Miguel Franco
Indicação
Leitura
Ensinar na infância não é apenas profissão. É cuidado. É entrega. É, muitas vezes, um caminho espiritual — mesmo quando a gente não percebe.
Acordar cedo, acolher choros, calçar sapatinhos, ouvir histórias inventadas, acalmar brigas com um olhar. E, ainda assim, manter a calma, a esperança, a presença. Para isso, o professor também precisa ser cuidado.
Esses livros são para isso. Não para ensinar técnicas ou corrigir planos de aula — mas para lembrar o educador daquilo que é mais essencial: sua própria humanidade. Sua escuta. Sua calma. Seu propósito.
Talvez um deles toque você. Talvez todos. Receba como quem recebe um presente feito à mão.
1. A Coragem de Ser Imperfeito — Brené Brown
Sabe aquela sensação de não dar conta? Aquela cobrança interna que diz que você deveria ser mais forte, mais calmo, mais organizado, mais tudo?
A Brené olha pra isso com compaixão. E nos lembra, com firmeza gentil, que ser vulnerável não é fraqueza. É coragem.
Ela mostra que, quando acolhemos nossas falhas com gentileza, abrimos espaço para a conexão verdadeira — com os outros e com nós mesmos.
Na sala de aula, isso muda tudo. Permitir-se dizer "não sei", "estou cansado", "hoje não estou tão bem", é também ensinar às crianças que ser humano é bonito. E que crescer não exige perfeição, mas verdade.
2. O Coração Pensante — Rubem Alves
Rubem escreve como quem sussurra ao pé do ouvido. Com ele, aprendemos que educar é um ato de amor — e que o amor também se ensina, se aprende, se pratica.
Cada crônica deste livro é como uma respiração profunda. Uma pausa. Um olhar mais demorado. Ele fala de sala de aula, mas também de alma. De sonhos. De escuta. De encantamento.
Um professor que lê Rubem Alves se reconecta com aquilo que não cabe em relatórios nem avaliações: a beleza do afeto.
3. Como Falar Para Seu Filho Ouvir e Como Ouvir Para Seu Filho Falar — Adele Faber e Elaine Mazlish
As autoras nos convidam a olhar para a criança como um ser inteiro — com emoções reais, urgências legítimas, dores profundas, mesmo que pareçam pequenas para o adulto.
Ao invés de gritos ou castigos, elas propõem escuta, presença, respeito. Não é sobre ser permissivo. É sobre ser firme com empatia.
E quando essa postura é adotada, a mágica acontece: a criança coopera porque se sente vista, não porque tem medo.
Na sala de aula, é a diferença entre mandar e convidar. Entre corrigir e acolher. Entre controlar e guiar. Ler esse livro é como aprender um novo idioma — o idioma do afeto que educa.
4. O Livro da Alegria — Dalai Lama e Desmond Tutu
Dois sábios, dois amigos, duas almas que riram e choraram juntas. Neste livro, eles falam sobre alegria como quem fala sobre uma flor — algo que nasce mesmo na terra difícil, mesmo quando não parece ser o tempo certo.
Eles ensinam que a alegria não depende de tudo estar perfeito. Ela nasce de dentro, quando cultivamos gratidão, leveza e compaixão.
Para professores, esse livro é um bálsamo. Um lembrete de que a paz que levamos à sala precisa, primeiro, florescer dentro da gente.
Mesmo nos dias mais turbulentos, podemos sorrir com ternura, oferecer presença e agradecer o milagre de educar uma vida que está começando.
5. Território do Brincar — Renata Meirelles
Renata viajou o Brasil inteiro ouvindo as crianças. E quando a gente ouve de verdade, sem corrigir, sem dirigir, sem esperar nada — o que aparece é deslumbrante.
Esse livro é um mergulho na infância viva. Não a infância de apostilas e cronogramas, mas a que constrói casa com galhos, que vira avião com uma cadeira, que conversa com pedra.
Ele nos convida a confiar mais no brincar espontâneo, a dar tempo e espaço para que a criança seja o que ela já é: inteira.
E nos lembra que, quando o adulto observa sem pressa, ele aprende mais do que ensina.
Para terminar...
Esses livros não vêm ensinar técnicas. Vêm ensinar silêncio. Escuta. Cuidado.
Eles lembram que educar não é só um trabalho. É um gesto espiritual. É uma escolha de todos os dias. É um caminho.
Se algum desses títulos tocar você, permita-se. Leia devagar. Anote o que sentir. Compartilhe com alguém.
Porque o mundo muda quando um educador se reconecta com a sua essência.
E no fundo, o que uma criança mais precisa é de um adulto que, mesmo cansado, ainda acredita no poder do afeto.
Com carinho,
De educador para educador.